terça-feira, 2 de setembro de 2014

O curso de cinema · CachoeiraDoc chega a sua 5ª edição com programação variada





A Gente, de Aly Muritiba, está entre os longas-metragens

No momento em que tanto se discute e se produzem filmes que estão na fronteira entre a ficção e o real, torna-se um desafio pensar a produção cinematográfica recente de documentários. É esse o engajamento do CachoeiraDoc - Festival de Documentários de Cachoeira, cidade localizada a 110 km de Salvador.

A quinta edição do evento, que consolida-se como um dos mais importantes no país voltado para o gênero documentário, começa hoje e vai até domingo, com as atividades concentradas no recém-inaugurado Cine-teatro Cachoeirano.

A abertura logo mais à noite conta com a exibição do imprescindível documentário brasileiro Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, cineasta morto em fevereiro deste ano. A banda paulista Metá Metá fará o show de abertura.

"O documentário é um gênero em constante transformação e redefinição de seus limites e é daí que brota não um problema, mas a sua força estética e política", conta a idealizadora e uma das curadoras do evento, Amaranta Cesar.

É com esse olhar voltado para as produções documentais que buscam novas maneiras de lidar com a apreensão do mundo real que o CachoeiraDoc compôs sua diversificada programação. São 39 documentários de todos os cantos do Brasil, além de filmes internacionais.

O festival conta com um mostra competitiva de 14 curtas e seis longas-metragens da crescente produção nacional, além da mostra Resistência, que exibe filmes como o raríssimo Primeiro Caso, Segundo Caso, do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, e Manhã Cinzenta, do baiano Olney São Paulo.

Há ainda a mostra Kékó, voltada para os trabalhos realizados por alunos do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), sediado em Cachoeira. O evento lança também um interessante olhar para a obra do cultuado diretor chinês Jia Zhangke.

Produção nacional variada

O cinema brasileiro tem se destacado com uma produção documental vigorosa e frutífera. Dentre os longas-metragens a serem exibidos em Cachoeira, estão filmes como A Vizinhança do Tigre, de Affonso Uchoa, e A Gente, do baiano radicado no Paraná Aly Muritiba. Também o cinema baiano tem lugar na competição com Aprender a Ler para Ensinar Meus Camaradas, de João Guerra, filme que busca resgatar os laços socioculturais e históricos entre baianos e angolanos por meio da música.

"Desde sua criação, o festival se interessa por obras e realizadores que se arrisquem em buscar novas formas de contar e expressar a realidade. Um olhar para o mundo que seja inventivo, mas ao mesmo tempo preocupado e engajado com o que acontece nele", observa uma das coordenadoras do CachoeiraDoc, Ana Rosa Marques.

Nesse aspecto, destacam-se os filmes Branco Sai Preto Fica, de Adirley Queirós, com seu viés politizado, colocando em pauta as possibilidades de engajamento social de indivíduos marginalizados no entorno de Brasília; e Luíses - Solrealismo Maranhense, que discute os rumos sociais e políticos do estado maranhense. Curiosamente, são filmes que põem em xeque, de forma bem-vinda, a fronteira entre real e ficção.

Na seara dos curtas-metragens, a variedade de propostas e temáticas é ainda maior. Há espaço para as histórias fantásticas contadas por moradores de uma comunidade pobre, em Contos da Maré, dirigido por Douglas Soares, e também para a observação subjetiva da zona portuária do Rio de Janeiro, em O Porto, de Clarissa Campolina.

CachoeiraDoc começa nesta terça e vai até domingo



Passa por narrativas da festa popular da queima do Judas, no interior da Paraíba, retratada no filme Malha, de Paulo Roberto, e chega até a lenda de origem tailandesas exposta no filme As Águas, de Larissa Figueiredo.

China contemporânea

O cineasta chinês Jia Zhangke é hoje um dos nomes mais proeminentes do cinema mundial. Sua obra se engaja na observação das transformações vertiginosas da China contemporânea, em contraponto às histórias humanas que perpassam por essas mudanças sociais e econômicas. Parte de seus filmes - aqueles com proposta documental mais acentuada, como Inútil, 24 City e Dong - será exibida no CachoeiraDoc numa mostra especial.

No filme Memórias de Xangai, o diretor colhe depoimentos de várias pessoas que relembram episódios de suas vidas naquela cidade. É a partir disso que ele reconstrói a própria história de Xangai, que passou por revoluções político-culturais e sofreu fluxos migratórios com o passar do tempo.

Sua obra tem despertado grande interesse no Brasil, como atesta a retrospectiva completa de seus filmes em São Paulo e no Rio de Janeiro. Também o cineasta brasileiro Walter Salles está finalizando um documentário sobre seu colega de profissão, filme a ser exibido na próxima Mostra de São Paulo.

"A maneira como os filmes de Jia Zhangke oferecem um olhar sobre as cidades em transformação pode tocar, especialmente, o público brasileiro, na medida em que temos testemunhado, no Brasil, um esgotamento dos modelos de gestão da vida nas cidades", observa Amaranta.




fonte:http://atarde.uol.com.br/cinema/noticias/cachoeiradoc-chega-a-sua-5a-edicao-com-programacao-variada-1619394


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