sexta-feira, 22 de março de 2013

Curso de Cinema: Mulher vive transformista em documentário de cineastas baianos

'Jéssica Cristopherry' celebra a parceria entre Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge e o lançamento da Buh!Fu Filmes, que reunirá seus trabalhos audiovisuais




Em ordem, Carolina Vargas, Paula Lice, Mitta Lux, Valérie O’hara, Rainha Loulou



Imagine uma atriz, nascida mulher, tentando mergulhar no controverso universo dos homens que representam o feminino nas noites de Salvador. Esta é a proposta de 'Jéssica Cristopherry', documentário que celebra a parceria entre os cineastas Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge e o lançamento da produtora Buh!Fu Filmes. Compartilhando roteiro e direção, o trio mostra, através de Jéssica, o universo dos artistas-transformistas da cena noturna.


O filme documenta a criação de Jéssica Cristopherry, alimentada pelos desejos transformistas da atriz e mulher Paula Lice. Para isso, ela conta com o auxílio de cinco das mais respeitadas transformistas de Salvador: Mitta Lux, Valérie O’hara, Carolina Vargas, Rainha Loulou e Gina d’Mascar.

A produção mostra o passo-a-passo da montagem da personagem, que vai se desnudando e se revelando como uma homenagem ao trabalho dos atores que investem e acreditam no transformismo como arte. Enquanto assiste ao nascimento de Jéssica, o público acompanha ainda o papo da atriz com o diretor teatral pernambucano Rodrigo Dourado, pesquisador apaixonado da cena transformista.




Transformistas ajudaram a produzir Paula Lice



O filme conta com a produção executiva da Movioca - Content House + Buh!Fu Filmes, com colaboração da Domínio Público, Uhu Filmes e Pequena Sala de Ideias; e recursos do Governo do Estado da Bahia, através do Edital Demanda Espontânea/2011.

Proposta
'Jéssica Cristopherry' é um filme de amor pela cena transformista e seus artistas. Ganhando pouco e investindo muito, esses artistas alimentam largas horas de show, dublando e interagindo com públicos diversos. Potencializam a ambiguidade entre ser e não ser mulher, cantar e não cantar, viver e não viver em um mundo glamourizado.

Gravações
Filmado no tradicional Beco dos Artistas, nos bares All Club e Melancia Blue, o documentário investiga o universo trans, em que as identidades biológicas e de gênero são desconstruídas. Nessa cena em que, tradicionalmente, as representações do feminino são performadas por homens, Jéssica quer saber como uma atriz, mulher de nascença, pode se tornar uma outra mulher, para além de sua identidade biológica.




Paula Lice e Valérie O’hara no Beco dos Artistas



Exibições
O filme tem estreia marcada para o próximo dia 26 de março (terça), às 20h30, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. Além do lançamento no cinema, 'Jéssica Cristopherry 'cumprirá uma microtemporada nos bares em que foi gravado: All Club e Melancia Blue, no Beco dos Artistas, sob a batuta de Gina d’Mascar e Rainha Loulou.

Exibições no Beco dos Artistas:
27/03, no ALL CLUB, 22h, com Gina de Mascar.
03/04, no ALL CLUB, 22h, com Gina de Mascar.
07/04, no Melancia Blue, 22h, com Rainha Loulou.

Entrevista com os diretores de 'Jéssica Cristopherry', Rodrigo Luna e Paula Lice:

iBahia - Por que vocês decidiram trabalhar com o tema?

Rodrigo Luna - Um dia, numa estreia de uma peça de Paula Lice, ela confessou seu desejo semi secreto de se experimentar como transformista. Ronei, de bate pronto, disse que serial lindo fazer um filme sobre isso, esse desejo de uma mulher querendo se transformar numa super diva, um filme digno de Sundance. Eu, que por acaso também estava ali, disse pra gente marcar logo uma reunião que o projeto era massa. Passamos três anos nos reunindo esporadicamente para conceber de fato o projeto, e fomos contemplados no primeiro edital em que o escrevemos.

Paula Lice - Bom, Jéssica é uma brincadeira de criança minha, era o nome que eu usava para batizar minhas personagens. Acompanho a cena transformista de Salvador há anos, o desejo de me "montar" e dublar já foi realizado em trabalhos de escola e bares da cidade dedicados a isso. Unir os dois fetiches não foi difícil.


"Elas foram completamente desenvoltas, nos dando um material riquíssimo para trabalhar na edição" (Rodrigo)



iBahia - Como funcionou essa parceria Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge?

Rodrigo Luna - Com o filme aprovado, tivemos nossa primeira reunião realmente prática, e descobrimos que cada um de nós tinha um filme diferente na cabeça. Ali mesmo combinamos que acontecesse o que acontecesse, mesmo se o apocalipse estivesse acontecendo e perguntassem pra gente o que a gente estava fazendo, teríamos que responder: o mesmo filme! De fato, Jéssica acabou se tornando um quarto filme, um amálgama dessas visões, e que ainda se transformou mais durante o processo de montagem.

iBahia - Como foi trabalhar com as transformistas Rainha Loulou, Mitta Lux, Valérie O’hara, Carolina Vargas e Gina d’Mascar?

Rodrigo Luna - Desde o principio, decidimos que não queríamos 'dirigir' elas, no sentido tradicional. Nossa ideia era montar algumas situações e deixar todos bem a vontade, colhendo o que rolasse, mas com Paula em cena, que poderia direcioná-las caso fosse necessário. Acontece que elas foram completamente desenvoltas, nos dando um material riquíssimo para trabalhar na edição.






iBahia - No ano passado, a cineasta Ceci Alves lançou um assunto semelhante. Vocês assistiram? Se inspiraram nele para criar o doc?

Paula Lice - Ceci e nós fomos aprovados no mesmo ano, 2011, na mesma safra de editais, então, não foi uma inspiração. Além do que, Ceci produziu uma ficção sobre um caso real de homofobia que levou à morte de uma travesti por policiais, na década de 90. Jéssica é um documentário sobre a corporificação de um desejo de mulher pelo transformismo, homenageando carinhosamente o trabalhos desses artistas, atores transformistas da noite soteropolitana. São temas diferentes, portanto.

iBahia - Tiveram alguma dificuldade durante todo o processo de produção?

Rodrigo Luna - Acho que só as dificuldades normais inerentes a qualquer produção audiovisual… Tivemos que adiar as filmagens por causa da greve da polícia, por exemplo, mas tudo foi se contornando.


"É um documentário sobre a corporificação de um desejo de mulher pelo transformismo" (Paula)



iBahia - O que você espera que aconteça com a difusão do seu doc?

Paula Lice - Meu macro desejo é que ele acrescente às discussões sobre gênero, desejos, sexualidade, em suas livres expressões. E se o olhar para esses artistas for mais respeitoso e afetuoso por conta do filme, ele terá cumprido sua meta principal.

iBahia - Pretende continuar trabalhando com o tema em outras produções?

Paula Lice - Eu, pelo menos, sim. Há muitos desdobramentos sendo gestados agora para trazer mais futuros nesse campo pra gente.

Lançamento do documentário 'Jéssica Cristopherry'
Data - 26 de março, às 20h30
Local - Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha
Duração - 52 minutos
Entrada franca

Ficha Técnica:
Roteiro e Direção: Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge/ Produção Executiva: Movioca Content House e Buh!Fu Filmes/ Colaboração: Domínio Público, Uhu Filmes e Pequena Sala de Ideias. Direção de produção e Assistência de Direção: Roberta Martins/ Direção de Fotografia: Jeronimo Soffer/ Som Direto e Mixagem: Napoleão Cunha/ Edição: Rodrigo Luna/ Direção Musical: Ronei Jorge/ Elenco: Aldo Zeck, Bruno Santiago, Jean Carlos Macêdo, Luiz Santana, Paula Lice, Rodrigo Dourado e Valécio Santos.




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fonte: http://www.ibahia.com/

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