quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cinema brasileiro homenageado no Festival de Cinema de Cannes


Homenageado em Cannes, cinema brasileiro vive momento fértil

Cena de 'Na Estrada', de Walter Salles, que irá concorrer a prêmio em Cannes. Foto: DivulgaçãoCena de 'Na Estrada', de Walter Salles, que irá concorrer a prêmio em Cannes
Foto: Divulgação

Homenageado no Festival de Cannes, que começa nesta quarta-feira (16), no sul da França, o cinema brasileiro atravessa um período fértil, com a produção de 100 filmes por ano e maior visibilidade internacional. "O cinema brasileiro vive um momento de muita diversidade. Estamos produzindo quase cem filmes por ano e ocupando uma parte importante de nosso mercado", comemorou, em entrevista à AFP, o cineasta Cacá Diegues, que presidirá no evento o júri da Camera D'Or, prêmio destinado ao diretor revelação.
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A 65ª edição do festival, que será realizado entre 16 e 27 de maio, não exibirá longas-metragens brasileiros em sua seção oficial. Porém, o Brasil estará presente em um documentário sobre a bossa nova, três curtas-metragens, duas co-produções, três filmes clássicos brasileiros e, na mostra oficial, com Na Estrada (On the Road), produção americana baseada no romance de Jack Kerouac - clássico da literatura beatnik, escrito em 1957 -, dirigida pelo brasileiro Walter Salles e filmado em estradas nos Estados Unidos, Canadá e México.
A produção de filmes brasileiros saltou na última década de uma média de 30, em 2002, para um recorde de 99, em 2011, segundo dados da estatal Ancine. Para João Guilherme Barone, professor e pesquisador de cinema e indústria audivisual da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o cinema brasileiro conseguiu, na última década, produzir mais, diversificar-se e nacionalizar grande parte da distribuição, que antes era dominada pelas empresas estrangeiras.
"Entre 2004 a 2009, o número de distribuidoras passou a ser majoritariamente nacional, com um aumento de mais de 200%. Hoje, 73% do cinema brasileiro é lançado por distribuidoras brasileiras", afirmou. A arrecadação do nicho também cresceu e fechou 2011 com R$ 164 milhões, após um recorde em 2010, quando sucessos de bilheteria como Tropa de Elite 2 e Nosso Lar ajudaram a arrecadar R$ 222 milhões.
O Brasil estará, ainda, presente com uma sessão especial dedicada a A Música Segundo Tom Jobim (2011), do cineasta Nelson Pereira dos Santos, de 84 anos, documentário que homenageia Antônio Carlos Jobim, um dos criadores da bossa nova. "Amo o cinema brasileiro por muitas razões. E uma importante é que ele é plural, diferente da época do Cinema Novo, quando havia uma polarização temática por causa da necessidade que tínhamos de combater a ditadura e de mostrar a realidade de um Brasil que a censura queria esconder", disse Pereira dos Santos à AFP.
"Acho que merecíamos ter mais filmes selecionados oficialmente. Mas a presença de Walter (Salles) na competição e de curtas-metragens na seleção oficial, somada à homenagem ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, e a mais três filmes brasileiros clássicos, tudo isso é uma deferência muito especial à nossa cinematografia", completou Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, cineasta brasileiro que mais concorreu à Palma de Ouro durante sua carreira.
Para Ilda Santiago, diretora do Festival de Cinema do Rio e representante da mostra de Cannes no Brasil, a homenagem ao país significa o reconhecimento da importância do cinema brasileiro. "Há vários níveis da presença do cinema de um país em um festival, não apenas na seleção oficial. Avaliamos também o número de produtores, projetos que foram recebidos, inclusive no nível de coprodução", disse Ilda à AFP, completando que nesses quesitos o país está bem representado.
"Fico feliz e acho que é muito honroso para o Brasil ser escolhido o país homenageado. Isso dá visibilidade a todos os projetos, abre portas para o futuro", completou. Para ela, as indústrias do cinema brasileiro e latino-americano se fortaleceram nos últimos anos, e agora contam com produções destinadas "a todos os gostos". "Toda a América Latina, não só o Brasil, começou a aparecer mais nos últimos anos em todos os festivais", disse. "Começa a despontar um novo cinema", concluiu.

fonte; www.cinema.terra.com.br

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